Ele foi registrado aos oito anos com sexo feminino e foi impedido de se casar
Douglas Fernandes, do Jornal Hoje em Dia

Borges foi registrado com o sexo feminino aos oito anos e o problema só foi descoberto antes do casamento
O erro foi cometido pelos avós analfabetos do caseiro que registraram Borges quando ele tinha 8 anos, em Salinas, no norte do Estado. O equívoco só foi descoberto em março do ano passado, quando Borges e a noiva, Sirlei Aparecida Dias Borges, 34 anos, deram entrada na documentação para o casamento civil.
Como o livro de registros só pode ser alterado com autorização de um juiz, o caseiro terá que provar que é homem. O caseiro já precisou passar por consultas com urologistas, exames de contagem de cromossomos e até uma análise hormonal para comprovar sua masculinidade.
- Nunca tive problema algum na emissão de documentos como carteira de identidade, título de eleitor ou até mesmo o certificado de reservista do Exército. Mas para mudar o sexo no registro, tenho que fazer um monte de exames médicos e já gastamos mais de R$ 8 mil com consultas e viagens.
Borges relata que chegou a procurar a Defensoria Pública. Mas como o processo ia demorar, decidiu procurar um advogado particular, que prometeu resolver a situação em, no máximo, em um ano. O caseiro também conta que queria mudar o nome par Getúlio, mas que não tem dinheiro para pagar outro processo.
Os noivos, que moram e trabalham na zona rural, precisam ainda comprar um carro para facilitar as viagens entre as cidades, já que os exames são realizados em Uberlândia e também em Araguari (a 55 quilômetros de Indianápolis). O ônibus só passa próximo ao local onde eles moram uma vez por dia.
Para Sirlei, pior do que o susto de descobrir que o futuro marido estava registrado como sendo do sexo feminino, é ter que suportar o deboche de outras pessoas.
- Difícil mesmo é aguentar as piadinhas. Tem gente que fica perguntando se sou lésbica ou se o Gertrudes já virou homem.
Por causa da proibição do casamento, que aconteceria um mês depois que o casal se conheceu, Sirlei e Gertrudes foram afastados da igreja evangélica que frequentavam.
- Eles não aceitam nenhum tipo de união estável que não seja por meio de um matrimônio. Desde então, tivemos que deixar de frequentar os cultos.
De acordo com o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil em Minas Gerais (OAB/MG), William dos Santos, o procedimento realmente é burocrático. No caso de Borges, segundo o advogado, o ideal é que o caseiro realize os exames necessários para a comprovação de sua masculinidade e entre com uma ação de ratificação do registro civil, alterando o sexo de feminino para masculino.
- Como o nome Gertrudes é unissex, e devido ao risco de o episódio trazer transtornos e expor o rapaz ao ridículo, ele também pode pedir a alteração do nome.
Por R7
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